João Fonseca foi para a curta temporada de grama sem grandes aspirações apesar de ser um tenista que cause grande comoção no circuito mundial graças ao seu talento. Até então, o brasileiro vinha de resultados ruins na superfície, embora com recorte muito pequeno.
Fonseca iniciou a preparação para Wimbledon disputando o ATP 500 de Halle e o ATP 250 de Estrasburgo. No primeiro, o carioca fez um jogo de estreia muito disputado, mas pecou nos detalhes decisivos e foi eliminado pelo italiano Flavio Cobolli por 2 sets a 1. Na semana seguinte, viajou à Inglaterra, venceu de virada o belga Zizou Bergs, mas na segunda rodada parou no forte norte-americano Taylor Fritz, tendo feito um jogo muito bom, mas com desfecho parecido ao da queda em Halle.
Estreante na chave principal de Wimbledon, Fonseca teve campanha altamente positiva, passando com autoridade pelo britânico Jacob Fearnley e o norte-americano Jenson Brooksby, rivais bem mais experientes que ele.
Na terceira rodada, o brasileiro teve pela frente o chileno Nicolas Jarry, uma das surpresas no torneio já que até então vinha de resultados modestos na grama. O rival teve início arrasador e deu poucas chances, apostando na força do seu saque para abrir 2 sets a 0. Foram nada menos que 11 aces contra apenas quatro. Fonseca reagiu na terceira parcial, viu Jarry diminuir o aproveitamento do seu saque para obter uma quebra e reduzir a desvantagem.
O número 1 do Brasil fez um jogo muito parelho no quarto set, teve seis chances para quebrar o serviço do oponente, porém, não soube aproveitar, mais por mérito do chileno, que voltou a sacar muito bem nos momentos decisivos. No tie-break, prevaleceu a experiência de Jarry, que liquidou a fatura por 7-4.
Apesar da amarga eliminação, Fonseca viveu uma grande semana em Wimbledon. Desde a primeira edição do torneio foram poucos tenistas de 18 anos que avançaram à terceira rodada. Para se ter uma ideia, o feito não ocorria desde 2011. Naquele ano, o australiano Bernard Tomic obteve a façanha.
Nossa maior promessa mostrou que pode ser competitiva também na grama e não só no saibro e quadra dura. Os bons resultados em Londres, muito provavelmente, o farão a aparecer pela primeira vez no Top-50 na próxima atualização do ranking da ATP, algo que seria sensacional para quem está apenas começando a carreira.
Foi apenas o terceiro Grand Slam do brasileiro. E deu para perceber a evolução desde a participação no Australian Open. Na grama londrina, vimos atuações mais consistentes, menos erros não forçados e mais paciência na troca de bolas. Obviamente, ele ainda tem muito a evoluir e corrigir alguns problemas, entre eles, melhorar o seu backhand e trabalhar o mental para aproveitar mais break-points a favor.
É lamentável o excesso de cobranças de parte dos torcedores brasileiros a um jovem que até poucos meses atrás ainda estava disputando competições juvenis. Fonseca ainda está na fase de amadurecimento e longe de entrar no pelotão de elite, que conta com os espetaculares Carlos Alcaraz e Jannick Sinner. É preciso paciência para que ele continue o seu desenvolvimento para se tornar um tenista de ponta. Vamos acompanhar os próximos capítulos.
João Fonseca terá pequena pausa em torneios
Após a eliminação em Wimbledon, Fonseca só voltará às quadras a partir do dia 28 de julho para disputar o Masters 1000 de Toronto, torneio que serve de preparação para o US Open, último Grand Slam da temporada. Serão mais de 20 dias sem vê-lo em ação. Uma pena!
João voltará ao Brasil no início da próxima semana para rever a família e iniciar a preparação para os próximos torneios.
Crédito da foto: Divulgação/AELTC/Florian Eisele